Resenha de "Fazendo Ana Paz" de Lygia Bojunga
Olá!
Vou ser o mais formal, dentro do possível, neste post. Irei indicar uma obra de fácil compreensão e até didática. Como o título do post não me deixa negar: Fazendo Ana Paz. Um livro de Lygia Bojunga, que tenta compartilhar para os leigos - principalmente o público infanto-juvenil - sobre o processo criativo, mais especificamente no âmbito literário.
Então, espero que apreciem.
Obs: Esta foi uma resenha de uma das minhas disciplinas da faculdade, e decidi trazê-la, porque acho que a leitura da presente obra e pesquisas posteriores podem ser essenciais para amantes da literatura.
Boas leituras!
Post interessante: http://thalyalee.blogspot.com.br/2016/03/happy-day-of-womens-year-two.html
Vou ser o mais formal, dentro do possível, neste post. Irei indicar uma obra de fácil compreensão e até didática. Como o título do post não me deixa negar: Fazendo Ana Paz. Um livro de Lygia Bojunga, que tenta compartilhar para os leigos - principalmente o público infanto-juvenil - sobre o processo criativo, mais especificamente no âmbito literário.
Então, espero que apreciem.
Obs: Esta foi uma resenha de uma das minhas disciplinas da faculdade, e decidi trazê-la, porque acho que a leitura da presente obra e pesquisas posteriores podem ser essenciais para amantes da literatura.
Boas leituras!
NUNES, Lygia Bojunga. Fazendo Ana Paz. Editora Agir, 1991.
A
Metalinguagem em Fazendo Ana Paz
Conhecida tanto nacionalmente quanto internacionalmente por
seus livros infanto-juvenis, A bolsa
amarela, Os colegas, Nós três, entre tantos outros, Lygia Bojunga
Nunes — ou somente Lygia Bojunga — nos apresenta sua faceta artística, que como
no exemplo de demais escritores, Gabriel Garcia Márquez, Ítalo Calvino, Stephen
King, Thomas Mann etc, discutem sobre o processo criativo. No entanto, em Fazendo Ana Paz, sua conversa é
informal, contada de forma lúdica, acolhedora e principalmente, preocupada em
revelar o mundo de perguntas que reviram na mente dos escritores, ao público
que desconhece essa experiência.
Em suas obras, sua vida parece se fundir em diversos
aspectos com a vida de suas personagens. Ana Paz, a protagonista de Fazendo Ana Paz, tal como Lygia, nasceu
no Rio Grande do Sul e se mudou quando na juventude para o Rio de Janeiro. Essa
proximidade e conexão talvez impliquem na razão de não conseguir dar um
desfecho para a personagem.
Além disso não houve planejamento, e o inacabamento das
personagens as torna de certa forma mais humanas, citando Nietzche,
"humano, demasiado humano". Cada personagem surgia por vontade
própria, embora no decorrer mostrassem possuir alguma conexão com a estória.
Ana Paz chega para a autora e se apresenta como uma garotinha de oito anos de
idade. E num frenesi revela muitos fatos sobre si mesma, mas
"desaparece", o que frusta Bojunga, que gostaria de dá-la voz e
ouví-la. Entretanto esse desaparecimento de inspiração não dura muito tempo: "E
daí que depois de mais duas semanas no branco, eu senti a urgência de fazer uma
moça. [...]." página 16. E esse sentimento a faz dar vida a outra personagem, que a
primeira vista não possui conexão com a garotinha sumida. Porém no romper de
mais uma criação, uma velhinha solitária, Lygia percebe a relação temporal
entre essas três personalidades diferentes: ambas são Ana Paz. A Ana Paz-velha
é o presente das outras, Ana Paz-criança e Ana Paz-moça.
A Ana Paz-Velha decide voltar à sua cidade natal no Rio
Grande do Sul, para rememorar a infância e como para se eximir de haver
esquecido da promessa feita ao pai: "promete que tu nunca vais te
esquecer da carranca [...]." página 14. A carranca é o símbolo da união
dela com seu pai, já que muitas de suas conversas eram sobre essa figura
mítica.
Assim tecendo inúmeras personalidades que também irrompem
sem o seu controle, Lygia demonstra que o escritor não controla suas criações;
numa relação de Victor Frankenstein e sua criatura. E daí pode-se remeter às
teorias freudianas sobre o inconsciente e o consciente. Como vê-se, uma
proposição pode levar a outra, tal como: nossas vidas seriam fragmentos do
passado e presente? O livro permite abrir discussões sobre o mundo ficcional e
o mundo real, afinal trabalha com isso diretamente, tanto que por vezes a linha
entre esses dois mundos se torna tênue e quase convergente.
Fazendo
Ana Paz é uma composição, como todas as produções de Lygia Bojunga,
acessível e apreciada por todos os públicos, sejam crianças ou sejam adultos. E
a razão disso é que traz um universo paralelo onde nossos anseios e sonhos são
postos em voga. Mesmo que o escritor seja quem os cria e modula, na verdade
esse universo se tece através da empreitada do leitor e escritor — e quem sabe
até das personagens — da mesma forma que escreveu João Cabral de Melo Neto em Tecendo a manhã: "um galo sozinho
não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. [...] "
Parodiando: um escritor sozinho não tece uma obra: ele precisará de leitores.
Thalya Amancio
Aluna do
2º semestre de Letras/Português em campus FECLESC - UECE
2017
Post interessante: http://thalyalee.blogspot.com.br/2016/03/happy-day-of-womens-year-two.html
Comentários
Postar um comentário