Reflexão de beira de festa, tristeza, calmaria e avalanches + últimas leituras


Meses sem postar, no é? Muitas razões e mil desculpas podem surgir, mas o importante que cá estou eu, ouvindo Soundgarden (recomendo), tentando trazer uma reflexão e repassar minhas últimas leituras. Let's go de volta às velhas memórias e nostalgias de outras postagens. A escrita tem esse poder de clarear pensamentos e ideias antes imperceptíveis; detalhes que não percebemos e por isso me coloco a escrever sobre minhas antrapofagias e divagações, são espécies de viagens que por conta da rotina muitas vezes nos impedimos, trancamos, agindo maquinalmente. Uma questão de sobrevivência? Provavelmente.
Bom, mas minha reflexão não é só esta. É um devaneio de meses atrás resultado de mais conversas e relações entre eu-outro (o tu segundo o linguista Benveniste) e pode ser uma reflexão embrionária, óbvia, simples, contudo será realmente? Sempre é bom remoer, mesmo que pequenos detalhes, "pequenas coisas".




Procura pelo outro

O ser humano sempre tentou explicar o que via, o que sentia, o que temia...
Os deuses, as mitologias, tudo tem um objetivo: explicar o visto, conhecido e desconhecido. 
Personificamos os objetos, as coisas, como uma forma de nos apropriarmos delas, torna-os algo reconhecido e menos desconhecido...
Mais próximo, as palavras ordenam nosso mundo; classificar organiza nosso mundo.
Não conseguimos viver sem categorizar, explicar o que enxergamos e até o que imaginamos existir.
Somos criativos, somos curiosos, somos aventureiros. Somos animais interessantes.
Até no caos há ordem... Há uma ordem por decifrar no caos, como disse José Saramago. 





A Obscena senhora D

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Estudando sobre a autora, percebi o quanto me identifico com sua escrita de busca pelo outro, algo metafísico que explicasse toda a dor e fragilidade humana. É uma literatura difícil de digerir e ecoante durante muito tempo em minha mente. Ainda preciso dispensar maior tempo para analisar sua obra, mas o mais importante, este livro vai ser um fluxo de consciência e talvez por isso um pouco difícil de compreender, porém a viagem é transbordante, faz transbordar, refletir sobre nossa fragilidade, carne, ossos, mentes e essa divisão entre mente (divino) e corpo (inferior, fraco), uma concepção cartesiana e até religiosa.
Hilda Hilst é uma autora que consegue caminhar muito bem entre o sagrado e profano e exatamente por essa razão que ela é obscena: ela não se limita a falar de coisas distantes ou se distanciar de nossa "fraqueza", ela se aprofunda, quebra tabus e transpõe interdições sobre sexo, deus e morte.


Alguma Poesia

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Carlos Drummond de Andrade é um poeta obrigatório para se compreender e para quem assim deseja ler poesia. E este livro, o primeiro publicado do autor, trouxe muitas transformações na poesia do Brasil.
Aqui está presente um dos poemas mais famosos "No meio do caminho", que inclusive trouxe muitas controvérsias, o autor como Manuel Bandeira diz que sua poesia é concreta (lembra bastante João Cabral de Melo Neto também) e não metafórica, como muitos querem analisar. Havia realmente uma pedra no meio do caminho.











Primavera num espelho partido

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Primeiro livro que leio de um uruguaio e primeira surpresa: é um romance construído por várias perspectivas, até com a própria experiência do autor, o que deixa a leitura muito mais real, embora não podemos deixar de considerar, a literatura é uma forma de enxergar o real e pode sim se aproximar da realidade, mesmo que recrie de certa forma o real. Enfim, o romance traz perspectivas desde a mais ingênua até a mais machucada e ferida; visões de mundo que revelam sobre a ditadura no Uruguai e a fuga de muitos de mundos destruídos pela truculência, violência e controles exarcebados.










Libertinagem


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Mais um livro de um modernista. Nesse a liberdade de criação/recriação, seja da poesia, do modo de se fazer poesia, seja  a da própria existência, é exaltada de tal maneira que assim compreendemos o porquê do título.
Libertino afinal pode ser esse que deseja se libertar das amarras limitadoras sociais? Quem é libertino? Quem diz e quem tem essa autoridade de dizer quem é libertino? Pode ser um termo que mudou de concepção ao longo do tempo?











Aqui são apenas algumas das minhas leituras e indicações. Selecionei as mais impactantes das últimas e aquelas que me tocaram de forma mais profunda, portanto é uma escolha pessoal. Sintam-se bem-vindos e bem-vindas a se aventurar nesse mundo tão diverso.


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