Devendo tempo - resenhas de "Rubem Fonseca" e 96 respostas sobre AIDS

Eu sei, estou devendo muitas postagens, de leituras, de devaneios, de análises. Por ser aluna de Letras e amante de leitura e apaixonada pela escrita, tenho me preocupado em trazer textos bons e com uma qualidade maior. Já devo ter dito isso antes, tanto do que disse na linha anterior, quanto do que direi a seguir, não sei se estarei falando só sobre mim, mas parece que sempre esperamos o melhor momento e com tanta procrastinação e mudanças diárias, estão dificultando minha atenção e foco no blog. Como sempre desculpas, bla bla... Prometo vir mais vezes e escrever as melhores leituras e filmes em breve. Já fiz sobre os melhores animes de 2017, veja aqui: http://thalyalee.blogspot.com.br/2018/01/registro-de-animes-opinioes.html

No entanto, vamos ao que interessa. Fiz resenhas objetivas e curtas dos livros Romance negro, Feliz ano novo e outros contos e 96 respostas sobre AIDS Skoob e já deveria tê-los postado aqui, afinal coloquei os links em cada um.



Pugente e ousado

O segundo Rubem que li em janeiro, depois de Rubem Braga, Rubem Fonseca já havia sido comentado em diversas de minhas aulas na faculdade, então já sabia o que me esperava: uma leitura pululando de violência, crueza e realidade. Esta são presenças constantes em todos os contos desta coletânea, desde o primeiro com um título com "feliz", mas com significado ambíguo e irônico; o segundo, "O outro" que nos surpreende pela reflexão que pode gerar se analisado: as diferenças abissais entre ricos e pobres. O terceiro e quarto com temas como o egoísmo, insensibilidade e maldade retratados tão puramente como são.
No entanto, o último foi talvez o que mais me surpreendeu, por causa do tema, gerando assim identificação, e da descrição de algumas banalidades, que embora pareçam "ruins" ou estranhas, fazem afinal parte da vida; e aqui está a essência de toda sua obra: o cotidiano sob um olhar frio e calculista, tanto em terceira pessoa, quanto em primeira pessoa, porém sempre gélido.
E "Romance negro" fecha muito bem essa edição com o ponto de vista de um escritor de romance policial, aclamado pela crítica que esconde segredos inimagináveis para seu público. Os diálogos deste são bem construídos e o desfecho deixa margem a várias interpretações e uma atmosfera aberta de possibilidades e principalmente, de reflexão.

"Sim, sim, o objetivo honrado do escritor é encher os corações de medo, é dizer o que não deve ser dito, é dizer o que ninguém quer dizer, é dizer o que ninguém quer ouvir. Esta é a verdadeira poiesis."
Página 84

São contos muito recomendados para pessoas que estão ainda criando o hábito de leitura e desejam entretenimento e até reflexões, às vezes imperceptíveis se o leitor não ler cada palavra com cuidado. E se você, tal como eu, decidir ler, é provável que perceba a similaridade de sua escrita com a de alguns escritores americanos, Charles Bukowski, por exemplo, ou mesmo Edgar Allan Poe, muito homenageado no último conto.

"[...] A vida tem um valor, que ele, agora, percebe qual é; e a morte, uma densidade absoluta, agora presumível. Sente que atingiu um ponto de equilíbrio, uma sabedoria que não é nem a do poeta nem a do filósofo, mas a do bobo da aldeia depois que viu a sereia."
Página 110



Acessível e esclarecedor

96 respostas sobre AIDS é como uma cartilha respondendo dúvidas tão frequentes, e esquecidas, se é que são acessadas pela maioria da população.
Ainda há muita ignorância em relação a esse tema e enquanto um livro como esse ou publicações similares não forem trabalhadas e divulgadas em diversos âmbitos - escolar, comunitário etc - haverá intolerância e desconhecimento.
Por esse motivo, se faz muito necessário que esse curto livro que encontrei perdido em uma biblioteca, seja discutido e levando à "Àgora", mesmo agora um pouco desatualizado, coisa que pode ser corrigida com pesquisa e novo material.


P.S: estou produzindo junto com Caroline Diniz, uma fanzine a qual chamamos Olhares Nacionais e por isso a leitura deste livro - o primeiro tema trabalhado foi AIDS.
Para quem não conhece o gênero independente, logo logo trarei notícias e maiores explicações, por enquanto deixo o link para a página no facebook, onde divulgamos a fanzine.

https://www.facebook.com/fanzineolharesnacionais/

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