Etecetera, etcetera ad infinitum

Bem, olá, gente. Preparando minha 'voz', quero conversar abertamente sobre ter praticamente abandonado o blog The Time Constant. Anos atrás, quase uma década atrás, eu costumava respirar a escrita do blog, todos os dias publicava (meados dos anos 2013-2014). Porém, agora mais do que nunca, tenho me envolvido em projetos, me preenchendo de arte, de escrita e de leituras, além de começar a pensar na profissão que escolhi (professora de língua portuguesa e literatura), então, é difícil encontrar um momento propício, digamos assim. E só talvez, talvez, as madrugadas sejam um espaço aberto a isso. Não sei, nas madrugadas eu devoto meus pensamentos a mim mesma, voo, viajo. Enfim, para quem me viu muito distante ou imparcial nos textos, nas produções mais atuais, deve estar estranhando, mas acreditem, eu escrevia muito aqui, inclusive sobre frustrações, pensamentos sobre inúmeros assuntos, sobre problemas e muitos diários de leitura e descobertas... Nostalgia? Um pouco, mas estou feliz por minhas mudanças pessoais e profissionais. Aliás, vocês sabem que leio e reviso obras literárias e produções acadêmicas? Uma das minhas paixões se tornou um trabalho, afinal, adoro ler, escrever e aprender (fazendo propaganda, me contatem caso queiram o serviço haha). 


(Fotografia de Thalya Amancio, 2022).

Enfim, mais uma vez não planejei os mínimos detalhes deste post, entretanto, pensei em relatar o quanto em diversos momentos barreiras, obstáculos e a vontade de ''jogar tudo para o alto'' (será uma velha expressão nos tempos de internet?) parecem mais fortes, no entanto, voltar à leitura, aos livros, aos animes, mangás e, especialmente, à escrita e ao ensino me trazem conforto, escapes que me mostram outras formas de viver, de me reinventar. Outras formas de abrir o peito e revelar medos, receios e buscar novos caminhos para resolvê-los. Agora abro meu peito, mostro as partes mais estranhas, as entranhas perigosas, chega a parecer um teatro e, caso seja, me perdi na personagem, ela se tornou eu, provavelmente. E se for um diário? Não sei, só precisava escrever o tal instante-já, como o escrito em Água Viva de Clarice Lispector. E você, você, sim, do outro lado da tela, já escreveu o instante-já hoje? Experimente. Escreva o que você está vendo, o que planeja. Eu, por exemplo, planejo continuar nessa longa empreitada e longas travessias das vidas e das literaturas.





Ao conversar sobre meus sonhos com uma amiga, interpretei junto com ela o quanto a figura recorrente de uma mulher monstruosa, perigosa, obscura que nos persegue, pode ser nós mesmas, um outro lado, nos atacando, simbolizando toda a pressão que colocamos em qualquer atividade cotidiana, acadêmica e afins. Aquela velha sensação de que nada que fazemos é o suficiente, que precisamos fazer tudo etcetera, etcetera ad infinitum, repetindo, refazendo ou fazendo, apagando, revendo, nunca parando... Talvez. Em certa medida está certa, até porque só aprendemos, reaprendemos refazendo e trabalhando com esforço, contudo, não precisamos nos sobrecarregar. Ao menos uma experiência densa de uma noite de blecaute para mim revelou: se não parar, repensar e expressar o que está preso, haverá a queda no abismo (já escrevi uma produção sobre isso). 

Vale dizer que, a interpretação da tal figura perseguidora, predatória (homens são também presentes nos sonhos) teve base teórica sim, porque curiosa-estudante que sou, não poderia deixar de ler sobre o assunto (um grupo de mulheres me incentivou a ler também) e, principalmente, sobre empecilhos reais, sociais, culturais e históricos que são revelados por meio dos sonhos às mulheres. O nosso inconsciente deseja que descubramos, deseja enviar uma mensagem simbólica, para que resolvamos o medo ou, ao menos, o enfrentemos. Não sei se alguém poderia chutar, mas o livro é Mulheres que correm com os lobos (leitura necessária. Quem me conhece deve ter adivinhado ou pensado) de Clarissa Pinkóla Estés. E toda a interpretação e conversa geraram outros insights sobre meu histórico, meus lados mais escondidos, disfarçados em máscaras... Para vocês verem o que uma leitura é capaz: colocar um espelho na nossa frente e nos ''obrigar'' a enxergar as marcas de unhas, rios do tempo. O tempo é impetuoso, mas pode ser usado a nosso favor. Ainda estou descobrindo, um dia eu conto, apenas não sei se existirá fórmula. Mas, utilizaremos com ou sem métodos. Ou não sei, aprendendo de repente, cada um se construindo e desconstruindo infinitamente. 

Após tantos etceteras infinitos, re-costuro meu peito, pronto a reabri-lo no futuro. Deixá-lo aberto assim, pode ser mortal. 




Até mais! 

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