Leituras Desafiadoras

Olá, my dears, mein lieber, meus queridos. Saudam vocês em todas as línguas, mesmo que não saiba falá-las, haha.
Bom, faz muito tempo que escrevi aqui, no é? Mas parafraseando a mim mesma: "eu sou assim mesmo imprevisível, tenho uma alma artística, I'm so sorry." 
E alma artística que sou, além de ocupada -- um dia escreverei sobre o que mudou em mim depois de ser tornar universitária. Ah e quem sabe não direi como foi o processo de escrita do meu livro, um segredo de estado, já que ainda estou finalizando e pensando em enviar para uma editora... -- pretendo movimentar o blog, falando de uma leitura -- de muito tempo atrás -- que me desafiou, em diversos aspectos: culturalmente, psicologicamente, historicamente e etecetera. 


Sobre o Autor


Nobel de Literatura de 1998 e Prêmio Camões de 1995, entre outros, José Saramago é reconhecido por sua premiada obra literária. O autor foi responsável por tornar a prosa em língua portuguesa conhecida no mundo todo. Além de romancista, foi escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista e poeta. Nascido em 1922, na vila de Azinhaga em Portugal, Saramago veio de uma família de agricultores que se mudaram para Lisboa...

Alguns títulos publicados 

A Jangada de Pedra
O Homem Duplicado
O Evangelho Segundo Jesus Cristo
Memorial do Convento
Caim

Ensaio sobre a Cegueira

 Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma 'treva branca' que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas.'O Ensaio sobre a cegueira' é a fantasia de um autor que nos faz lembrar 'a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam'. José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.







(Obs: teve a adaptação para o cinema com os atores da imagem a seguir. E dizem que o filme chocou muito mais, já que se trata de uma obra audio-visual, o que torna a experiência ainda mais desafiadora. Talvez eu diria porque a visão estar em 1º lugar na armazenagem de nossas memórias. Vale a pena conferir se você é do tipo que sempre escolhia desafio ao invés de verdade no famoso jogo, só que não hahaha.) 






- Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. (livro dos conselhos)



Conhecido por criar mundo em vias aterradoras, José Saramago, pode-se dizer, é um autor distópico. Não distópico por criar mundos num futuro distante, mas em certo sentido, criar um presente amendrotador, fantasioso, e muito real. O que não deixa de ser distopia, no é? Já que o pensamento filosófico ou gênero da literatura é o contrário de utopia, citada pela primeira vez na obra de Thomas More, onde uma sociedade privada, segundo os ideais do pensador, era o tipo de comunidade 'perfeita'. 

- A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.

E o que aliás, Saramago não se importa é com o lugar onde a estória se passa. Uma das razões seria que o foco daquele mundo criado, são as consequências dos fatos que se sucedem e não o lugar propriamente. Além disso, as personagens são chamados por suas características, objetos ou o que aparentam ser ou ter, e não por seus nomes, por exemplo, a rapariga de olhos escuros e a mulher do médico, duas personagens importantes para o narrador-onisciente. E para mim, essa foi uma escolha estilística da escrita e sentido para que percebamos o quanto só nomes não conseguem nos tornar humanos, e sim nossa sensibilidade, compreensão, altruísmo e percepção do ambiente que nos rodeia, e claro nossa ação para enxergar as mazelas e defeitos que precisam ser, se não castrados, pelo menos amenizados. 

- Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.

A principal mensagem do livro é que sejamos capazes de enxergar o que somos, o que podemos ser e o que devemos tentar ser, sem precisarmos passar por sofrimento para descobrir. 
São várias as perguntas que a leitura desafiadora de Ensaio sobre a Cegueira pode trazer, como O que nos torna humanos? Fingimos não ver a fome, a destruição, a guerra e discórdia que o mundo passa, porque não queremos pensar muito? Estamos cegos para a realidade que nos cerca? Fingimos estar cegos para não ver? 

- Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.



Queridos, eu recomendo essa leitura para quem gosta de ser desafiado -- como eu disse anteriormente -- a refletir sobre nossa espécie; sobre nossa essência e principalmente a quem não tem medo de tomar um choque, digamos assim, de realidade. E se tens coragem, mergulhe na obra desafiadora Ensaio sobre a Cegueira. 
Até mais! 


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