Divagações sobre livros e afins

Olá my dears, mein lieber! Tudo ok? Are you ok? Yes or no? Haha
Bom, eu gostaria de compartilhar alguns pensamentos que estão na minha mente há algum tempo, e outros que nem tanto.

Eu tenho o costume de terminar uma leitura e escrever ou gravar um áudio sobre as minhas impressões. Uma espécie de resenha auditiva. Às vezes é uma forma de clarear minha opinião sobre a obra e abrir novas indagações para pesquisar ou pensar. E além disso, percebo que quanto mais leio, mais pego pequenos detalhes que me escapavam e as resenhas me ajudam a enxergar melhor. Com o tempo criamos a experiência literária e isso eu devo ter comentado mais profundamente em outra postagem.

http://thalyalee.blogspot.com.br/2016/09/de-sussurro-ate-nausea-minha-evolucao.html


E outra coisa, quanto mais pego detalhes, mais leio, mais escrevo vejo que eu sei muito e ao mesmo tempo, nada. E deve ser por isso que meus posts tem diminuído consideravelmente. Eu não vejo mais sobre o que escrever, com tantas dúvidas, receios e outras formas de resolver meus "vazios". Ou seja, muitas vezes não é falta de tempo, mas vazios diferentes; vazios de ideias ou vontade. Acho que viajei aqui, hein? Em outras palavras, alguns dos meus vazios são somente vazios, porém muitas vezes vazios que me impulsionam.

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Além desses motivos "listados", eu fiquei de férias e em vez de me dedicar ao blog, assisti animes e li. Parece até que não fiz nada. Sabe o sentimento que está desperdiçando a vida? É isso que sinto. Embora não imagine outra forma de viver. Talvez a faculdade esteja sendo onde deposito meus "vazios".

Vou deixar de drama e pelo menos dizer minhas últimas leituras - as memoráveis - e dá uma pequena opinião sobre cada uma.





Os Irmãos Karamázovi

O que falar desse clássico russo de Dostoiévski? Bem conhecido, mas pouco lido.
E por que muitos não leem? Medo? Acham que por ser clássico a linguagem será difícil? Provavelmente. Contudo nesta obra, essa é a última coisa que vc vai ver. Pode até ser difícil e chato para um iniciante, mas um pequeno esforço será recompensado com reviravoltas, reflexões e capítulos filosóficos e repleto de facetas como O Grande Inquisidor, criado por um dos irmãos Karamzóvi, Ivã, que imaginou a volta de Jesus na época da inquisição. Só lendo para perceber o quanto os diálogos são verídicos. E é por conta de Ivã que fica os melhores diálogos sobre religião.

“E o homem realmente inventou Deus. E os estranho, o surpreendente não seria o fato de Deus realmente existir; o que, porém, surpreende é que essa ideia – a ideia da necessidade de Deus – possa ter subido à cabeça de um animal tão selvagem e perverso como o homem...” - Ivan Karamázov (Pág. 323)




A Metamorfose 

Esse eu já resenhei e postei aqui no blog.
O inusitado da obra kafkiana é bem conhecido e há diversas interpretações. E na minha opinião, bons livros, ou clássicos são assim: atemporais. E é de cada um interpretar segundo sua própria experiência. 

http://thalyalee.blogspot.com.br/2017/02/a-metamorfose-o-conflito-dos-eus.html


A Inustentável Leveza do ser 

Como uma obra pode fazer você pensar sobre a mediocridade humana, o amor, a incapacidade de criar laços, os nossos desejos mais comuns e até de animais? Incrível como um Milan Kundera faz você refletir sobre o mundo, nos envolvendo em sua estória sobre quatro pessoas parecidas e ao mesmo, diferentes. 
O narrador surge em diversas partes para dar sua opinião e abrir essas reflexões sobre a vida. Uma característica também presente na já referida obra de Dostoiévski.



“O homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. 


Pelo fato da vida ser, relativamente, tão curta e não comportar “reprises”, para emendarmos nossos erros, somos forçados a agir, na maior parte das vezes, por impulsos, em especial nos atos que tendem a determinar nosso futuro. Somos como atores convocados a representar uma tragédia (ou comédia), sem ter feito um único ensaio, apenas com uma ligeira e apressada leitura do script. Nunca saberemos, de fato, se a intuição que nos determinou seguir certo sentimento foi correta ou não. Não há tempo para essa verificação. Por isso, precisamos cuidar das nossas emoções com carinho muito especial. "



Desmundo

Ana Miranda usou uma bibliográfia extensa para escrever esse livro, já que sobre o que desejava comentar precisava de história. 
Desmundo traz o ano de 1555, época da colonização, e que muitos portugueses aqui habitavam, a mando do rei de Portugal. E esses mesmos portugueses desejavam se casar, para como se diz, aplacar os desejos carnais - desde sempre essa velha questão - e já que eram cristãos não poderiam casar com as nativas - por considerá-las pagãs. A rainha de portugal então envia muitas das orfãs do país para a nova colônia. E é na cabeça de uma dessas orfãs, Oribela, que veremos a tristeza por ser impotente e mulher, a destruição entre povos, a intolerância religiosa e tantos outros temas, trazidos em uma linguagem poética e escrita como na língua oral. 

"Aquela que chamar de vadio seu homem deve jurar que o disse em um acesso de cólera, nunca mais deixar os cabelos soltos, mas atados, seja em turbante, seja trançado, não morder o beiço, que é sinal de cólera, nem fungar com força, que é desconfiança, nem afilar o nariz, que é desdém e nem encher as bochechas de vento como a si dando realeza, nem alevantar os ombros em indiferença e nem olhar para o céu que é recordação, nem punho cerrado, que é ameaça.[...] Os esposos devem dar panos às mulheres, mas só nas festas reais, se lhes oferecer o mercador um bom preço, que eles não façam obra alguma desde o posto do sol até o sol saído e dia de domingo e a viver segundo o capricho dos homens. Aqui do rei.
E disse eu, Ora, hei, hei, não é melhor morrer a ferro que viver com tantas cautelas? Ai, como sou, olhasse a minha imperfeição, olhasse meu lugar, sem eira nem beira nem folha de figueira”."




Bom, essas foram só algumas das minhas últimas leituras. Prometo voltar depois e falar um pouco sobre outras leituras, não tão memoráveis, entretanto importantes, afinal até de livros que não gostamos, podemos tirar algo de proveitoso - alguns não citados foram enriquecedores, porém não quis escrever sobre eles, por enquanto. Aguardem mais um pouco.
Até mais!

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