Miniconto "Elixir da longa vida: um mito da descoberta do café"

Decidi publicar um miniconto que escrevi para um concurso. E infelizmente pela pressa, escolhi postá-lo aqui e deixa-los a par da minha escrita por vezes fantasiosa e que finalmente vem se transformando. Com as diversas antropofagias, tenho me dedicado a encontrar minha voz fora e dentro dos textos, portanto tenho procurado viver mais, para só então extrair aprendizados e escrever. 
A vida não basta e por isso a leitura, escrita, arte são expressões... A vida não basta, felizmente. Ou não. 
(Tenho que escrever mais, claro, mas se me entendem, não basta só escrever)

Outra razão para não escrever com frequência: muitas vezes o receio de se mostrar, revelar demais me deixa muda, exausta. Receio que todos provavelmente possuem, mas para mim, por viver neste corpo, é em alta proporção. 
É como uma pornografia mental... 

Enfim... Dei a esse miniconto o título Elixir da longa vida: um mito da descoberta do café

Boa leitura!


A lama chapinhava em seus pés enquanto corria desabestada, quase selvagemente, sem temor, como um pássaro quando aprende a voar. Se livrar do movimento, da correria. Sem pensar, sem refletir. Já não aguentava pensar. Carregara peso em suas pequenas asas, quase descartadas de tanto ficarem guardadas sob sua pele. 


Dentre a confusão, um altar surgiu na sua frente e seus olhos avistaram um cálice. Estava guardado ali o elixir da longa vida, da longevidade, tanto procurado pelos alquimistas?


Subindo os degraus vagarosamente, tal como um cavalheiro. Será que os cavalheiros templários sentiriam o tumulto de sentimentos, como se atrevia a sentir agora? Mais alguns passos e suas mãos se estenderam até o segredo que ali habitava e breve seus lábios solveram o líquido. Quente, apetitoso, saboroso e com um cheiro sinuoso. Poderia sentir como sentia seu próprio corpo, se espalhando... 

Poderia dar um nome para essa descoberta? Sim... Qual palavra poderia passar as ondas? Mas as palavras não eram arbitrárias? Sim...
-Café? - indagou a si mesma. O som aberto pareceu quase certo...
-Coffee? Kaffe? Köhï? Qahua? - Testou.
Nenhuma língua parecia acolher o divino e acolhedor objeto. De qual forma poderia torná-lo eterno se tudo era passageiro? Vivendo-o, acolhendo-o, deixando-o reconfortá-la...?





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