Projeto Mediando Encontros: mediando a leitura
Olá, gente!
Espero que estejam bem.
Venho aqui hoje compartilhar e falar um pouco sobre o meu projeto surgido ano passado, no final de julho - o Projeto Mediando Encontros.
O título pode não remeter rapidamente aos meus objetivos e, por isso, deixem-me explicá-los melhor.
Vídeo de apresentação do Projeto e aviso de vídeo para a sugestão da peça teatral Casa de Bonecas de Henrik Ibsen
Eu pretendia e pretendo - através do projeto - apresentar a literatura como relevante e importante na vida humana, estudantil e, acima de tudo, existencial. Importante ao pensarmos em nós como seres históricos, culturais e à procura de comunicação. E os livros, como bem disse Carl Sagan, permitem diálogos, conversas entre pessoas através do tempo, mesmo mortas há séculos. Os livros superam o espaço-tempo e nos colocam para conhecermos concepções antigas ou contemporâneas a nós. E o que eu almejo não é de agora ou resultado de um mero insight. Foi um longo processo até que eu chegasse aqui e falasse de literatura com vocês. Como tenho tentando mostrar continuamente através deste blog e, de outros posts nas redes sociais, a literatura e os livros se constituem como parte fundamental da minha vida, tanto pessoal, quanto universitária e profissional, já que escolhi o curso de Letras Português para continuar os estudos e o aprofundamento na área. E falar sobre eles sempre foi uma forma de me comunicar, me expressar, superando distância e o tempo, o deus supremo de nossas vidas.
Observei no ano passado, pouco antes de julho, durante os meses anteriores, que algumas amigas, amigos, conhecidos e conhecidas estavam desmotivadas e sem conseguir se concentrar para ler, por essa razão, fui impulsionada e inspirada a sugerir leituras primordiais - aquelas que me formaram como leitora - para desenvolvermos o pensamento crítico, analítico e, especialmente, um olhar sensível sobre o Outro, ainda mais nesse contexto de Pandemia, em que não devemos pensar na nossa própria satisfação e prazer. E se eu já compartilhava leituras e resenhas, ampliei o debate e tornei o meu trabalho mais direto e atento a ideias e sugestões de outras pessoas; uma interação mais direta com pessoas diversas - o que tenho amado fazer.
Portanto, o Projeto Mediando Encontros surgiu com o intuito de estabelecer uma mediação entre um não-leitor ou um leitor desmotivado, digamos assim, e a literatura e os livros em geral. Uma mediação que exigiu de mim, uma escolha de diversas obras de ficção e não-ficção, para abarcar diversos tipos de leitores/leitoras. E para ampliar o alcance da minha projeção e do meu planejamento, penso ser essencial colocar aqui as muitas indicações que faço desde 26 de julho de 2020. Começarei assim, colocando a 1ª sugestão, a qual pesquiso e já desenvolvi um artigo - o meu TCC do curso de Letras: Desmundo (1996) da autora cearense, Ana Miranda.
Projeto Mediando Encontros
Dando início ao projeto de mediar e indicar livros: "Desmundo" de Ana Miranda, autora cearense contemporânea e sempre envolvida na cena cultural e literária do Ceará - ela tem Instagram, galerinha @desenhosdeanamiranda ❤️. E além disso, participou da Bienal Internacional do Ceará ano passado, 2019.
Nesse romance histórico seremos apresentados a Oribela, uma órfã que como outras foi enviada ao Brasil no século XVI, para que se casasse com um dos portugueses que aqui estava e habitava (lembrem-se da colonização).
A justificativa para a cristandade da época: as mulheres, as indígenas (nem eram consideradas seres humanos, muito menos uma delas) não eram aptas, eram pecadoras, condenadas.
E como o próprio título aponta, veremos a perspectiva de uma mulher obrigada a assistir os sofrimentos que acometiam a si mesma, as outras e ao povo que aqui vivia. Um Desmundo, destruidor e que engolia a si mesmo em violência e bárbarie.
Devemos acrescentar que essa perspectiva feminina sobre um fato da História foi apagada e esquecida durante muito tempo em documentos, imagine isso em romances.
Como Romance Histórico ficção e realidade se unem de forma mais intrínseca e perceptível, gerando uma reflexão mais direta acerca da nossa História e de nosso lugar.
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